quarta-feira, novembro 19

sim, este blog é uma fraude

se antes nem suspeitavam, agora meus fiéis e generosos leitores já sabem: eu minto deslavadamente. é: não veio e não virá o post sobre o 15º poa em cena. preparei fotos, fiz o escambau, mas demorei demais. ah, tô velha, perdi meu livrinho de notas e esqueci tudo o que tinha a dizer sobre o festival. entendam, ora bolas.

só lembro que o zé celso martinez e sua bandidaaage chegaram perto, mas não me arrebataram tanto quanto o théâtre du soleil na edição de 2007. se bem que a cena do papa sendo açoitado com camisinhas (na sua seqüência mais inocente...) é antológica. quase lá.

hum, bom, e teve a obscena senhora d, cuja performance da atriz, suzan damasceno, me desatarraxou a bunda todinha. e quem já me viu de perto sabe que isso não é pouco... acachapante.

e as gurias das margaridas enlatadas que, orientadas pela minha queridoníssima amiga gisela habeyche, deram de relho (oigalê, tchê!) na adaptação de quatro contos do caio f. cousa marlinda.

e o que foi aquele tal teatro físico dos espanhóis do loscorderos.sc em crónica de josé agarrotado (menudo hijo de puta)? vertiginoso. e tudo pra falar sobre como é difícil falar. e escutar. é... viver dá um puta trabalho, meu nêgo. que o diga o suor que pingava dos guapos só cinco minutos depois de iniciada a correria. emblemático.

outro gol? determinadas pessoas: weigel, (demi)monólogo assinado com a maior catega pelo ariel borghi, e com su mamá, esther góes, encarnando a destemida helene weigel, a grande mulher por trás de bertolt brecht. caprichado e comovente.

e eis que chegamos ao mito peter brook, que desta vez trouxe a nós, mortais meridionais, um excerto de os irmãos karamázov, cujo autor, fiódor d., como caio f., hilda hilst e brecht, dispensa links e demais obviedades. incorporando o grande inquisidor, o bretão bruce myers se cospe todo, mas confirma a máxima brookeana de que menos é mais, basta ser fodão. peixe grande, meu filho.

do show da laurie anderson só saíram decepcionados os que ignoravam quem fosse aquela menuda figurinhaça de cabelos espetados ou aqueles que achavam que ela teria eternamente o fôlego cênico dos 30 e poucos anos. não tem, mas como ela própria preconiza, only an expert can deal with the problem. e a senhora lou reed, ninguém ouse duvidar, é perita no que faz. só para iniciados.

já a conterrânea adriana calcanhotto deveria sempre, mas sempre mesmo, se apresentar com banda completa, abolindo definitivamente da sua carreira o tal formato banquinho-e-violão. apoiada por aqueles craques da pauta, a ex-contida artista até roqueira ensandecida virou. e classuda pacas.

quanto ao fausto, do nekrosius, vacilei bonito (igual à produção do cara, que mandou os cenários pra buenos aires, em vez de porto alegre...). na tarde do grande dia fui acometida por súbito e violento torcicolo. hipocondríaca cuidadosa que sou, tratei de derrubar rapidinho um miosan daqueles. resultado: dormi a sono solto durante quase todo o primeiro ato. chateadinha, fui ressonar em casa. e era bonitaça a peçona. que pena.

antes disso, rolou tio vania pelos olhos do celso frateschi. texto clááássico, diretor tarimbado, cenário elegante. e nada disso foi capaz de empolgar. muito menos aquele elenco irregular - pra dizer o mínimo. ui! ficou devendo horrores.

menos pior, no entanto, que o antonio abujamra e seu começar a terminar. disfarçado de reverência ao absurdo beckettiano, foi o maior engodo do 15º poa em cena. o velho abu, de inesperado headset e preocupadíssimo em esconder a barrigona sob o figurino matrix, deve estar mal das pernas. caça-níqueis constrangedor.

las relaciones de clara fui coagida a passar: era no mesmo dia do fausto, que teve só uma apresentação por causa da trapalhada com os cenários. lamentei, que queria rever a alejandra cortazzo (do fodástico 4:48 psicosis, ano passado) em cena. quem teve a sorte de conferir a montagem, disse que a hermana, então acompanhada por um elencão, repetiu a dose. perdi, raios!

anticlássico, a última perna da maratona, me encontrou cansada de guerra. tava marcado pra domingo tarde da noite, lááá no goethe, chovia hectolitros e a gente temia ser uma bomba. não fomos. até agora não tenho qualquer certeza de que dava mesmo pra ter faltado. melhor nem saber.

como? eu disse que não ia rolar post sobre o em cena este ano? hahahaha! eu minto, vocês ainda não se convenceram?

ano que vem tem mais. e, até lá, quem sabe eu corrija mais esse meu desvio de conduta.

evoé, negada!

6 comentários:

Ana Paula disse...

demorou mas se puxou!!!!

Isis B. disse...

Eu pedi para a Arlete me colocar de bailarina na próxima montagem teatral dela.
Imagine...Eu! Bailarina!!!
:D

Leandro disse...

Ói só quem voltô!
Mentindo, mentindo, como sempre...

Leandro disse...

"A Obscena Senhora D" deve mesmo ter sido o bicho!

Anônimo disse...

Fausto foi realmente magnífico, e o primeiro ato não foi o melhor. Não perdeste tanto mimi. E tio vania tava realmente terrível. Decepcionante.

Só discordo da apresentação da adriana. Eu prefiro ela com o violão, o prato, o som portátil e o banquinho.

mimi aragón disse...

ana: tua amiga é, pois, uma procrastinadora exemplar. hahaha!
lady c.: e se a gente não aposta na nossa cara-de-pau, quem irá fazê-lo, némês? me convidem pra estréia!
leandro: minto horrendamente mal, mas ninguém pode me acusar de não tentar, caríssimo. ah, e o texto da hilda prometia, claro, mas o troço superou qualquer expectativa tietosa. codilôco!
lari: fala baixo, ou ela te escuta... voz e violão, só se for um ás, tipo o joão bosco. e olhe lá.