embora sempre haja coiós pra considerar a internet uma bolha maligna com vida própria, criação do tinhoso pra desencaminhar de vez a pobrezinha da raça humana, tenho pra mim que a grande rede não passa de só mais um meio, uma outra via pra reproduzir em hi-fi o nosso mundinho, que tanto pode ser triste como colorido, né mesmo?
pois em tempos de reinado absoluto desta fartura de possibilidades, como, por exemplo, apresentar pra um filho o pai que ele nunca conheceu, porque morreu dois meses antes dele vir ao mundo? blogando, claro. pelo menos é assim que a cristiana guerra, publicitária de minas gerais, tenta resolver uma de suas contendas com o destino - ela que é órfã de pai e mãe e já perdeu dois nenês.
aí, sem qualquer aviso, o coração do namorado, o também publicitário guilherme fraga, parou de bater em janeiro do ano passado, quando o filhote deles ainda dependia só do cordão umbilical.
pra mostrar pro pequeno francisco, no futuro, o quanto seu pai era bacana, e também pra exorcizar uma dor assim, descomunal, cristiana respirou fundo e pôs mãos à obra. o resultado é um tocante diário sobre sua história de amor tragicamente interrompida. um relato valente e terno, que não deixa cair a peteca da nova paixão, o cisco, como ela chama o seu toquinho de gente.
mas esse é só o foco comovente da cousa. que a publicitária mantém outros dois blogs pra escancarar mais um causo de amor, agora com a moda. aqui ela posta fotos de seus looks diários e aqui, no melhor estilo brechó virtual, passa nos cobres os modelitos que já cumpriram seu papel na produção dela de cada dia.
um só vivente, infinitos ângulos. a internet, ignoram seu bobos críticos, é só o reflexo irretocável da experiência humana na terra bem assim como ela é: tonta de dramas e risos. e nada mais.