sábado, janeiro 5

isso tem que ter fim

mui bela e oportuna a campanha lançada pela rbs pra combater a violência no trânsito. acerta em cheio essa gurizada que enche a cara e sai a zunir rua e estrada afora com seus autinhos e motinhas potentes.

mas teima em ser berrada uma perguntinha incômoda: estaria o responsabilíssimo conglomerado dos sirotsky disposto a renunciar aos anúncios de montadoras e revendas de bólides, em nome da redução de acidentes?

yep, porque só os ignorantes, míopes e mal-intencionados não relacionam o torra-torra irracional de veículos automotores ao aumento insuportável das ocorrências, fatais ou não, de trânsito. as pessoas não têm casa, mas têm carro. e carro, como se sabe, é arma voraz nas mãos de quem não reúne equilíbrio suficiente pra guiá-lo.

precisa nem ser muito esperto pra juntar lé com cré: quanto mais condutores afoitos, despreparados e inexperientes circularem pela tupinilândia, mais incharão as estatísticas da carnificina motorizada. fundamentalmente num país em que a fiscalização ou inexiste ou é vaptvuptmente corrompida, a educação é pífia e os investimentos que poderiam qualificar as malhas viária e rodoviária vão parar em obscuros cuecões.

eu aposto a carteira de habilitação que jamais cobicei que se a sanha da indústria automobilística fosse minimamente aplacada, o número de acidentes despencaria num estalar de dedos.

e aí, rede brasil sul, que tal contribuir de verdade pra civilizar o trânsito?

5 comentários:

Anônimo disse...

Mas e perder esse filezito ma-ra-vi-lho-so de publicidade?
O que mais estranha nessa campanha é a bobagem estratosférica da moral-de-cuecas (ou para cuecas?) de "se esses motoristas são tão rápidos no carro, eles também devem ser rápidos em oooutras coisas" (ou algo que o valha), dito por uma global.
Mas, como bom pedestre, torço para que tudo isso gere algum efeito (que não seja apenas o dos lucros publicitários ao sr. RBS).

Maroto disse...

eu confesso que adoro minhas quatro rodinhas, que já tive, já não tive e agora tenho de novo. À parte voar, que é mais rápido mas nem é mais tão mais seguro, poucas coisas me deliciam mais que dirigir (e nenhuma das poucas me transporta, a não ser que a gente conte nirvana como lugar).
Os meus vinte e muitos anos de carteira sem nunca ter batido são resultado de saber que aquela máquina enorme é perigosíssima e que decidir assumir o comando da dita cuja implica responsabilidade redobrada, por si e pelos demais. Pelo meio ambiente também, é vero.
Como em muitos outros casos, o problema reside no reduzidíssimo número de pessoas dispostas a assumir responsabilidade pelas próprias escolhas e ações. Pena que os irresponsáveis nunca prejudiquem só a si mesmos, porque eles até que merecem

mimi aragón disse...

moisés: acho bem-vindo tudo o que chega pra somar contra a insanidade dessa cultura da lata semovente. mas é preciso, sim, futucar a ferida. e isto, lamentavelmente, o império da ipiranga e arredores não cogita. pfts!
maroto: prolfaças, urubuzim! não é todo mundo que pode voar, mas prefere andar rente ao chão com olhos atentos, consciência vivinha da silva e habilitação imaculada. o que me põe doente é a hipocrisia dos demais, sas?

Gislaine Marques disse...

Quero ver se falao sobre esse assunto na minha próxima coluna (www.lilarizzon.com.br/gis). Cheguei a conclusão que a grande maioria dos motoristas brasileiros merece passar uma semaninha com a SuperNanny em casa, principalmente os de POA. ;-)

mimi aragón disse...

maravilha, gis, tanto o castigo como o teu projeto de falar mais sobre esta chaga em que se transformou o trânsito no brasil. quem sabe é o côro dos descontentes que vai fazer a diferença, né?