sexta-feira, novembro 16

ela que era triste riu

faz um tempo já. foi em setembro, rolava o porto alegre em cena.

fui tomar um café com a fernanda e ela me disse que conhecia quase nada do vitor ramil, tinha vontade de ouvir cousas do nosso barão de satolep. prometi que selecionaria o que eu considero a nata do cara e mandaria pra ela, que mora em berlim.

ouvi inteirinhos em seqüência, numa overdose, os álbuns que tenho aqui - tango, à beça, tambong (as duas versões, em português e espanhol) e longes - e pincei 30 canções. foi aí que a cousa tomou forma.

comecei a me sentir tristona da vida. chorava do nada, por nada. via criancinhas saindo do colégio de mão com as babás e desabava. passava na rua por carroceiros com cavalos raquíticos e me debulhava. ia nadar, planejava as cousas que tinha pra fazer durante a semana, almoçava, lia o jornal, via um comercial na tevê e pimba! lágrimas, soluços, peito apertado.

de onde vinha aquela tristeza toda? sabe lá. tava com as pílulas mágicas em dia, tudo certo, sem maiores angústias. sei que acabei desencanando, não ouvi mais nada do pelotense ilustre, e a misteriosa melancolia foi embora.

lesada, só há pouco me dei conta do que era (eu, que tenho meu palpite pra origem da tristeza crônica que abate a minha, a sua, a nossa geração).

fui tomar banho e programei o player pra tocar tambong no talo. no meio de valérie, ensaboando o lombo, comecei a chorar. assim, do nada. lágrimas grossas, pesadas.

sim, a origem da minha petit deprê é o vitor ramil. são aquelas harmonias de retalhar os pulsos. as melodias cruciantes. maldita estética do frio.

pior é que eu curto o cara. de verdade. vou pedir pro doutor felicidade um reforço na bupropiona. pffts! era só o que me faltava não poder mais ouvir o vitor.

2 comentários:

Thelma disse...

Oi, minha parente.
Se a lista já tá pronta, poderias passá-la para mim?!? Saí do RS em 90 e deixei de ouvi-lo, mas gostaria de conhecer mais sua obra e seus acordes. Meu email é tpanerai@gmail.com.

mimi aragón disse...

naturalmente, amiga thelma. vou te mandar as cousas por e-mail, podexá.