quinta-feira, novembro 30

o fim da mortal fedentina

fumei meu primeiro cigarro com uns 11 anos, aprendi a tragar com 13 e dos 17 em diante virei fumante regular. comecei com marlborão, depois experimentei uma dúzia de marcas e caí no marlborinho, até terminar no free azul. nunca pitei muito, jamais consumi mais de uma carteira por dia. mesmo já atolada no fumacê, nunca fiz aquilo que denuncia o fumante irremediável: acender unzinho meio centésimo de segundo depois de acordar - meu primeiro cigarro do dia vinha só depois do café da manhã. o período em que mais fumei foi entre maio de 1998 e abril de 1999, quando a gente teve um café-bar, o bilbao, ali na república - tempos difíceis aqueles em que, pra enfrentar as noitadas, abusava da fumaça industrial e das cervejas que congelavam.

em junho de 2003 tive a pior gripe da minha vida inteira e fiquei sem fumar por uma semana. aí, aproveitei o embalo e decidi suspender de vez o vício. quatro meses depois, trabalhando na assessoria de imprensa da 4º bienal do mercosul, atucanada com tanta coisa pra fazer, tive uma recaidinha que durou só o tempo das minhas crises de enxaqueca aumentarem em freqüência e intensidade. desde lá, a relação mais próxima que estabeleci com o bicho-papão cilíndrico foi segurar um ou outro pito pros amigos, enquanto eles amarravam os sapatos, atendiam o telefone ou ajustavam o volume do som dentro do auto, qualquer coisa assim.

o curioso, mas banal, é que eu sempre tive certeza de que não ia conseguir parar. achava a vida sem cigarros tão sem graça quanto assistir a um filme no cinema com a luz acesa ou trepar sem gozar. mais: ridicularizava a patrulha antitabaco e não entendia como os ex-fumantes podiam ser tão avessos ao antigo amigão. talvez meu antidepressivo tenha ajudado, talvez o pavor das enxaquecas tenha me mantido longe do futum; o fato é que hoje me orgulho furiosamente de ter conseguido parar e abomino os pitos sem qualquer nesga de saudade - mesmo ainda faltando me livrar de dez quilos dos 30 que engordei depois de encerrar a carreira de fumante. na verdade, me tapei de um tal horror à fumaça de cigarro que deixo de freqüentar qualquer ambiente diante da ameaça de sentir aquele fedor medonho, mesmo que a origem do mal esteja a léguas de distância de mim. considero, mesmo, o sujeito que fuma cigarros um jegue estúpido, um suicida retardado, um maníaco queimador de dinheiro, um doente teimoso e ignorante, um assassino com sorriso amarelo e bafo imundo, um imbecil defumado. azar, falei!

pois então, depois de perder o gilnei pro cigarro e de chantagear descaradamente a eva pra ela parar de vez com essa merda, resolvi recrudescer. antes, os adictos que me visitavam tinham que pitar na janela ou, tanto melhor, no fumódromo da área de serviço. agora deu: cigarro não entra mais aqui em casa. quem quiser fumar que trate de fazer a nojeira burra na rua, bem longe de mim. sem restrição, mesmo, só pros não-fumantes e pros ex-fumantes de industrializados. esta lei entra em vigor agora. e revogam-se todas as disposições em contrário. tenho dito.

4 comentários:

Dalva M. Ferreira disse...

www.actionlaser.com.br

Dalva M. Ferreira disse...

Baby aragón: eu comia cigarro. Antes de chegar na cozinha, pela manhã, eu já tinha fumado 5 pitos. Trocava TUDO por um pito, até AQUILO. Fui salva pela ACTION LASER,(www.actionlaser.com.br) que me ajudou a parar sem fissura.

Anônimo disse...

Adorei a idéia, acho que também vou adotá-la aqui em casa, pobre Matix!

mimi aragón disse...

dalva, valeu a dica salva-vidas! menos mal que a gente não precisa mais, né, hein?
anônimo, identifique-se, plis, mode a gente se juntar pra torturar o tchigrão!