sexta-feira, janeiro 9

it's easy to remember

histericamente feliz, pesquei de dentro da meia natalina o balofo volume de 1001 discos para ouvir antes de morrer (ao que retrucaria minha rigorosa mãezinha: 'e tem como ouvir depois de morrer?'). seja como for, o livrão tem feito as vezes de alcorão pra esta descrente que vos entretém.

e, depois de excomungar o editor robert dimery por não haver incluído no compêndio um só bolachão das breeders (mas não haver se furtado de citar excrescências do calibre de dolly parton e christina aguilera), amansei meus demonhos e ora emito gritinhos de júbilo a cada redescoberta. como a de lady in satin, diamante lançado pela olímpica lady day em 1958, que há tempos não gastava de escutar e agora voltou com fôlego phelpico pra debaixo do feixe de laser.

azar dos vizinhos. os arranjos do há poucos meses apresuntado ray ellis, combinados à ferida aberta a que remete a voz da sacrossanta eleanor fagan gough, só ganham reais contornos de bálsamo se saboreados no talo. e assim tem sido - you've changed, the end of a love affair, glad to be unhappy, i'm a fool to want you, for heaven's sake e demais jóias soando qual soco nos tímpanos da vizinhança pagodeira. lá de cima, billie aprova, tenho a mais pétrea convicção.

2 comentários:

Leandro disse...

Segundo a descrição lincada aí em cima, trata-se de um compêndio de música pop. Mas, os quatro primeiros gêneros mencionados sendo "jazz, blues, punk, heavy metal", fica a pergunta: O que é pop?

mimi aragón disse...

leandro: todo es pop. só o dodecafonismo segue imbativelmente impopular, graças à erudição hermética do finado schönberg.