domingo, janeiro 21

mais pimenta

a imprensa, de modo geral, apresentou um desempenho muito aquém do que se poderia considerar anêmico no quesito registro dos 25 anos da morte da elis. teve até jornal local se trapalhando nas contas e matando a pobre cinco anos depois do real passamento... enfim, como o culto fundamentalista à baixinha responde pelo maior fanatismo que permito habitar neste corpinho, retomo a pauta pra dividir com a seletíssima esta maravilha que encontrei no loronix - um daqueles blogs de que falei aqui.

trata-se de uma versão estendida do vídeo que postei esta semana e que mostra o show da diva na suíça, no montreux jazz festival, em 1979. são 37 minutos de música, suor e algum nervosismo, que oferecem a infelizes como eu (que jamais tive a chance de assistir ao fenômeno ao vivo) uma síntese do que era, no palco, essa força da natureza batizada de elis regina carvalho costa: uma artista elétrica e peculiaríssima, de performance física quase ridícula, de tão desconjuntada, provida de um talento estarrecedor, sempre cercada da mais pura nata dos músicos brasileiros e arrasando no repertório sofisticado - dona, que era, de uma sensibilidade incomum, assim, meio midas, para garimpar compositores detentores de muito café no bule.

apesar do vídeo exibir problemas de sincagem (ainda mais perceptíveis da metade para o fim) e apresentar cortes toscos, é possível ver e ouvir elis, ainda que tensa, no auge da forma musical, saracoteando palco afora, brincando com o poderoso instrumento que guardava na garganta, rindo com seus 'bofes' (como ela gostava de chamar os craques que esticavam a cama pra ela se jogar) e desfilando um set list de babar - que inclui jóias do quilate de rebento, onze fitas, ponta de areia e samba dobrado.

a despeito de tudo, até da jam antológica com o hermeto pascoal (que, lamentavelmente, não está neste excerto), a apresentação de montreux é considerada por muitos, entre eles a própria elis, um momento menor da carreira dela (na época, insatisfeita com o resultado, ela convenceu a warner a não lançar o registro). aí a genialidade faz toda diferença: se tal deslumbre entrou pra história como um show indigno, imaginem a vertigem dos grandes feitos.

pra terminar, um mimo adicional: o especial de 20 e poucos minutinhos exibido pelo gnt em março de 2005, quando elis completaria 60 anos. foi desse programa que a globo pinçou as imagens raras mostradas em por toda a minha vida, que foi ao ar no finalzinho de 2006. delicie-se, pois, quem partilha comigo a paixão irremovível pela acachapante filha mais ilustre do iapi.

Um comentário:

Telejornalismo Fabico disse...

*


xuxu, teu mail ainda é do terra?
precido de ajuda.
meu pc tá f. e tô no modo de segurança.
mandei-te mail.


*