terça-feira, outubro 24

waaaaaal!

passei a vida até aqui tentando entender que tipo de emoção teria movido o paulo francis e boa parte de uma geração no salto do trotskismo ranzinza praquele ultraconservadorismo debochaaaado. sexta-feira dessas tive a pequena epifania. e foi dentro de uma agência chulepenta da caixa econômica federal - justiça seja feita, uma das poucas a funcionar desde que o banco (público) havia entrado em greve, há coisa de semanas. mas isso não muda em um milímetro o que eu senti. a revelação me atravessou bem na hora em que o gerente da birosca tentava me convencer de que eles 'não tinham condições de atender' mais ninguém àquela hora (três e 15 da tarde) e que, a partir dali, só agendariam o atendimento para a segunda-feira subseqüente.

lá dentro, lugar sobrando nas poltronas de espera diante dos caixas. junto comigo, umas dez pessoas. entre nós, dois velhinhos, daqueles bem mal-tratados pela vida. ali, naquele momento, olhando pra cara vagaba do manda-chuvinha da área, me vi amaldiçoando funcionários públicos grevistas, por mais bem-intencionados que sejam. e olha que aquele, definitivamente, não o era, em que pesem a vozinha ciciante e o sorrisinho velhaco. porque, lá pelas tantas, o sujeito me dá as costas e resmunga 'não tenho que lhe dar explicações'. filho da puta desaforado! se ele olhasse bem em volta, tirando eu e duas mulheres igualmente furibundas com a situação, veria que quem tava ali era gente humilde e resignada bragarái, tipo servente de obras desempregado com carteira de trabalho na mão, desesperado pra sacar o fgts e garantir o feijão-com-arroz do final de semana.

pois é, e o senhor gerentezinho da cef, empreguinho garantido, salário robusto depositado todo santo mês na conta-corrente, ali, no saguão da agência, cagando lei e debochando de quem tem muito, mas muito menos do que ele. não restou alternativa que não me irmanar com o saudoso reaça patético. no dia em que os trabalhadores-do-brasil-uni-vos pararem pra se solidarizar com a massa desempregada e miserenta, e não pra fuder inda mais com ela, volto a achar greve a cousamarlinda do mundo. até lá, quero mais é que essa gente egoísta e arrogante vá catar coquinho no fundo do guaíba, com três pedras amarradas no pescoço, né, franz paul?

Um comentário:

Dalva M. Ferreira disse...

Uia!

Essa foi de cair os butiá do bolso, diria alguém que conheço.

Mas..."chulepenta"??? quááááááááá!!!

Beijaço da Dal.