segunda-feira, outubro 30

shit'n'diamonds

no ciclo de palestras sobre jornalismo e literatura promovido pela feira do livro, rbs e famecos, e que começou ontem, a fala de respeitado especialista no assunto me lembrou daquela conversa, que volta e meia ouço em algumas rodas, de que a academia vive desconectada do mercado.

pois então. uma das propostas do cara pra incorporar a produção caprichada do tal jornalismo literário (o 'bom texto', como defende a gigante eliane brum) aos padrões do voraz e apressado jornalismo diário impresso (o abrigo clássico do que a repórter classifica de 'mau texto') é mandar duas equipes diferentes pra cobrir a pauta: a tradicional, escrava da ditadura do lead, e outra especializada em apurar mais atentamente e produzir textos densos, sensíveis e criativos. a primeira se encarregaria do feijão-com-arroz da notícia e a segunda, do camarão gigante, uma retranca de luxo, sabe?

a grosso modo, é oferecer pro leitor, ao mesmo tempo, lixo e ouro. o texto surrado e o texto consistente. merda e diamantes. conforme o pesquisador, é uma tendência que vem sendo observada em muitas redações norte-americanas. que me perdoem os que preferem uma análise mais filosófica - ou menos mercadológica, que seja - do fenômeno. mas se tudo isso é mesmo verdade, o que vai dar de jornal falindo lá pras bandas do bush! porque tenho a impressão de que o que me ensinaram na faculdade sobre marketing, imagem, posicionamento continua valendo: ou o jornal define um foco editorial muito claro ou o leitor se bandeia pro lado de quem sabe o que quer - e o que faz. certo ou errado?

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