quinta-feira, maio 22

pílulas paulistanas

• que crise na aviação civil, que barrinha de cereal o quê! o serviço de bordo da varig tá mesmo supimpa: comida quentinha e saborosa na ida e na volta. teve até feijão tropeiro e ambrosia doiradinha. e também poltronas confortáveis na econômica e vôos pontuais. nada como a bonança pós-tempestade. o alegado prejuízo da mãezona gol com a ex-gaúcha modelo tá fazendo a alegria dos viajantes.

• considerando que muderrrno que se preze gosta mesmo é de quinquilharia, não é à toa que a feira da benedito calixto bomba todo sábado. entre mil outras maravilhas, a banca de brinquedos dantanho deixa indócil qualquer criança de 36 anos. e o almoço no consulado mineiro enche olhos e buchos garbosamente.

• minha amável anfitriã mora há mais de uma década na maior cidade da américa do sul. mas, incompreensivelmente, não foi capaz de achar o ccbb pra gente se esbaldar na estréia local da mais recente montagem da sutil, não sobre o amor. paciência e plano b: terminamos no municipal, na platéia de o castelo do barba-azul, que, a exemplo da peça perdida, tem direção (cênica) do felipe hirsch e cenografia da daniela thomas. pra mim, 100% ignorante no quesito ópera, um desbunde o olhar contemporâneo do felipe sobre o drama daquela bobinha da judith.

• segunda-feira, com a pinacoteca fechada, só me restou bater perna na josé paulino, donde recolhi mimosos suéteres de cashmere a ridículas 20 realetas. mais tarde, a indefectível passada no marukai, lá na liberdade, pra atrolhar a mochila com suvenires orientais, balas de coca-cola e salgadinhos de ervilha com wasabi. delícia de consumo.

• na terça, programa lúgubre-histórico, bem ao gosto desta escriba, parada nas cousas do dark side. queria ir ao cemitério do morumby, onde dorme ad eternum minha musíssima elis regina carvalho costa. como descobri que, mesmo estando na zona sul, era uma mão chegar até lá - e que o troço dá pinta de jardim da paz - me contentei em garimpar tumbas célebres na necrópole da consolação. dizem por aí que não se deve fazer o programa sem a ajuda de um bom guia, porque é difícil localizar sozinha as sepulturas. mais: na administração me informaram que não dava pra fotografar os monumentos sem autorização da prefa - que, segundo o funcionário, demoraria bem uma semana pra ser concedida. arram, tá bom. de cara, topei com a casa do velho monteiro lobato. depois, achei as de mário e oswald de andrade, mais a escultura do brecheret no túmulo da mecenas olívia guedes penteado. e me surpreendi com a singeleza das instalações post mortem da marquesa de santos: perto da mansão onde repousam os matarazzo, a domitila é favelada, coitada. se eu fiz fotos? morro, meu filho, mas não conto.

• em uma passeadinha pelo mercadão, peguei a estréia do pastel de camarão no hocca e fui seduzida pela simpatia do seu brás, da banca de frutas dragone (vai lá: rua K, box 23). experimentei gordas cerejas e me lambuzei todinha com uma sabrosura andina chamada cherimoya, "a mais deliciosa fruta conhecida pelo homem". meio fruta-do-conde, meio jaca (que, por sinal, abomino), o troço é cremoso e tão doce que lembra leite condensado. seu brás, louco pra cativar a cliente bissexta, me vendeu duas pela metade do preço. pechincha inesquecível.

• o melhor? ah, o melhor foi o pior. eu e daniela, ensonadas, engolindo o café-da-manhã em casa, quando chega branca, a faxineira desconcertante.

antes que houvesse tempo para qualquer apresentação, a secretária do lar aponta pra minha fuça, olha pra patroa e, impiedosa, me desmonta:

- é sua mãe, daniela?

a pergunta foi tão sem-noção que eu e minha filha emudecemos, chocadíssimas. porque ela tem dois anos a menos que eu, mas como é manda-chuva de um dos hotéis paulistanos pertencentes a uma puta rede internacional, tem shape e figurino de senhora respeitável. o que faria alguém normal suspeitar que ela é mais velha que moi.

e ainda precisei tolerar a sacanagem da minha amigona, que na noite anterior tinha inaugurado um novo tratamento anti-idade:

- quer comprar meu kit shiseido, mimi? eu já usei um pouquinho, mas tu viu como funciona, querida?

maldita branca. eu ainda acabo com ela.

2 comentários:

CarolBorne disse...

Preciso conhecer minha chiquérrima sobrinha Daniela!
Shisheido? Cosa muy fina!!! Puxou à tia!

mimi aragón disse...

então é mió corrê, er, porque o shiseido custa caro, mas o efeito não dura pra sempre, viu? :oDDD