quinta-feira, março 6

inesquecível mestrezão

o mestrezão me ensinou a usar direito os porquês e a empregar a crase na hora certa.

houve mais lições, que agora eu não lembro (desconfio que uma delas era sobre a impessoalidade do verbo haver). mas juro que todas resultaram na minha relativa facilidade em lidar com as letras.

acho que foi também por causa das aulas hilárias do mestrezão, lá no universitário, que entrei na famecos em grande estilo. a saída, bom, a tortuosa saída não teve nada a ver com ele.

nunca esqueci o cara abrindo a camisa no meio da sala lotada pra exibir o peito pelado, murcho e feioso, que ele chamava, às gargalhadas, de 'selva erótica'. e tinha também aquela bisonha galinha de borracha que apavorava as colegas mais chiliquentas (tinha um nome, a quase penosa, mas agora eu também não lembro).

era um pândego, o mestrezão. e por isso (seria 'isto', mestrezão?) vai fazer uma falta danada, porque a maioria das gentes justifica seus problemas com a inculta e bela dizendo que pagou os pecados nas mãos de professores carrancudos e espartanos.

eu não. eu tive o mestrezão e, muito antes das aulas em carne e osso, houve os livros do mestrezão. sorte a minha. as novas gerações jamais vão saber usar direito os porquês. e sempre vão errar a hora certa de empregar a crase.

vai lá, mestrezão, ensinar pros colegas de eternidade como falar e escrever sem dar vexame. que lição assim, e um gênio assim, como tu, não há jeito de esquecer.

2 comentários:

CarolBorne disse...

Rico Mestrezão que deixou vazios inexplicáveis nas gramáticas da vida!

"Eu ontem tive um sonho
Um sonho emocionante
Sonhei que estava comendo
A bunda de um elefante"...

Lembra dessa?
A gurizada do fundão finava de rir!

mimi aragón disse...

uia! non me lembrava dessa. tu é mais véia, mas eu tenho menos neurônios... de qualquer forma, era um pândego merrmo o mestrezão!