sexta-feira, fevereiro 29

bodysnatchers

não, não. ando ausente, reconheço, mas só dos legumes. nos últimos tempos, não arrastei meus mimosos pezinhos pra além dos limites nacionais, continentais, terrenos ou estelares. e já faz tempo que sucedem cousas estranhas por estas bandas tropicais.

pois que o prezado tenha a bondade de se apropinquar pra revelar à minh'alma inquieta em que momento rolou a contaminação? quando os invasores de corpos operaram o milagre torto de transformar uma cantorazinha de tira-o-pé-do-chão-joga-a-mão-pra-cima em gran diva nacional?

quando foi que a sujeita, que nasceu, vive e vai morrer carregando a indelével faixa de brega, brega, ultrabrega virou (quase) unanimidade, arrastando hordas de seres até então considerados razoavelmente providos de bom senso para o poço fundo do repertório pobre, sujo e banguela? a tal conterrânea dos veloso já deu até cria - uma larvinha que, como a hospedeira, abusa dos saiotes doirados, penachos e do egocentrismo.

teria sido no mesmo instante em que a juventude linda, loira e vitaminada elegeu o pagodim pasteurizado como seu ritmo do coração? por onde anda a gurizada rocker d'antanho? se qualquer vivente da aurora da minha vida se declarasse fãzocão de jeitosmoleques, toquesdepele e quejandos, ganhava imediatamente um carimbo de bagaceira bem no meio da testa. agoira, não: quem contamina os ouvidinhos com frases feitas tam-tum-tic-tac-tam tá na crista da onda.

e já que é pra chutar o balde, lá vou eu: pisoteio a unanimidade desde que me assumi antifã number one dos bítols, os quatro boring guys d'além-mar. e também vedo cuidadosamente meus canais auditivos aos primeiros acordes de raul seixas, tom zé, jorge mautner, neil young e bob dylan. se bem que esses todos até têm seu valor, já que, como se sabe, o diabo só é diabo porque é velho.

agora, francamente: ivete sangalo é po-dre de chinelona.

azar, falei.


(precisava postar hoje, néam? sabe lá se vou estar viva no próximo 29 de fevereiro).

domingo, fevereiro 17

babel, merrrmão!

dia 18, agora, tá fazendo dois anos que os vovozões dos três acordes compactaram de vez as areias de copacabana (a propósito, o esperadíssimo devedê chegou custando uma fábula, mas não pode faltar na prateleira de quem engrossou a muvuca).

pra louvar aquele dia inesquecível, ressuscito a historinha que postei na volta da aventura, num espaço protolegumes:

eu e eva no leme, bem aboletadas na areia amóde incendiar o mate, minutos antes de começar o maior espetáculo da terra.

aproxima-se a figura crestada de sol. o estereótipo da carioca suburbana, uma espécie de tati quebra-barraco com um pouco mais de instrução e muito menos banha. uma raimunda com diploma de primeiro grau, pronto.

a maravilha da retórica malandra chega naquele sotaque da gema, apinhado de vogaissh eixtraissh e eisshtendidaissh, érressh puxadoissh e ésseissh eixhtremoissh:

- eaiiee, coléaga. forrrrtalece o isshquêro, aie, tem coandiçããum?

forrrrtalecemoissh, claro.

sábado, fevereiro 16

haverá sangue

yes, o nome original é disparado melhor que o mixuruca sangue negro. mas isto é só o início da conversa.

é que o daniel day-lewis quebra tudo, enquanto o paul dano e o dillon freasier trituram os despojos. e o p. t. anderson, mais uma vez, pare uma película estarrecedoramente fantástica.

a narrativa linear soa diferente das que ele normalmente põe na roda, mas nem por isso faz do filme qualquer cousa menos que masterpiece.

e ninguém duvida mesmo de que o troço é um clássico recém-nascido depois de sobreviver àquele início perturbador - e pelado de palavras -, notar a quase ausência de personagens portadoras de ovários e ficar de quatro com a fotografia pra lá de fodona.

olha, do jeito que a fita periga se empanturrar de estatuetas, é melhor correr pra garantir logo o lugar na fila. demorou.

(valeu o programaço, amiga planta!)