quarta-feira, dezembro 19

gabba gabba hey, véia do bazar!

riram a valer de mim no indefectível almoço de final de ano da firma. mas é a mais cristalina verdade:

tive certeza de que tô envelhecendo a olhos vistos quando percebi que deixei de gastar meus caraminguás em loucas noitadas, tragoléus e afins e passei a investir, com inegável prazer, em lençoizinhos de malha, macias fronhas, loiças coloridas, talheres estilosos, panelas de ferro, copos e taças retrô e outros petrechos domésticos.

ALERTA AMARELO: se eu começar a assinar revistas de bordado e crochê, ou desenvolver um súbito gosto por bibelôs de biscuit, não hesitem em me internar num bom pub. e só me resgatem de lá depois de estarem convictos de que eu limpei os estoques de geladas embalada por tonitruantes petardos de punk rock.

ou será que serramalte e três acordes toscos também viraram peça de museu?

na ponta do lápis

segunda-feira, dezembro 17

pane no sistema. alguém me desconfigurou

há dias em que a pessoa só funciona em modo de segurança, néam.

a grandeza não é pra qualquer um


nhé! tá na vocação e no talento a clara diferença entre nós, os celestes campeões imortais, e eles, os pernetas vermelhos do aterro.

o herói supremo do nosso título mundial é o renato portaluppi, gênio da bola, ex-craque da seleção, técnico vencedor - segue firme no fluminense, campeão da copa do brasil deste ano e quarto colocado no brasileirão - ídolo eterno da nação tricolor.


o deles, coitados, é o gabiru, zero à esquerda rejeitado até pra festinha que tenta ressuscitar aquele golpe de sorte do ano passado.
a prova da insignificância é o anúncio do timinho publicado hoje no zero hora: não tem uma só foto do perna-de-pau que fez o gol salvador, mas logo foi descartado pra ir enganar no desnutrido sport, 14º no campeonato brasileiro deste ano. baita injustiça! que, afinal, a nulidade do sujeito combina em tudo com a história cocolorada.

é, enquanto eles enchem a boca pra dizer fifa - sim, sim, aquela instituição que desautorizou publicamente o uso de seu nome nos neons do chiqueirão... -, nós, únicos bicampeões da libertadores na região sul, seguimos sendo infinitamente superiores a eles. em tudo, em todos os tempos.

domingo, dezembro 16

sexta-feira, dezembro 14

esfolando as pick ups aqui de casa

atende pelo nome de onde brilhem os olhos seus o primeiro cd solo da vozinha mais cutecute do pop nacional.

toda a catega do repertório da nara leão agora arejada pelo modo john de arranjar e takai de cantar. e que outra insuspeitada dupla caberia feito luva nesse projeto?

tá esperando o que pra arrombar o cofrinho, meu bem?

quinta-feira, dezembro 13

fome, fasma e foda com falta de bufunfa

viver com pouca grana, em qualquer parte do mundo, faz do sujeito um criativo de primeira grandeza. pués 3 efes, que estreou semana passada com um sistema de distribuição e exibição bem arrojado, é pobre mas limpinho - e é disparado o melhor filme do gerbase (que me perdoem os entusiastas do longínquo verdes anos).

o orçamento magro grita na tela (mas tenho pra mim que uma boa história sempre é mais saborosa se vem de uma boca desdentada) e respinga no recrutamento de um elenco irregular. entre veteranos e debutantes, o desempenho do craque leonardo machado é anêmico, enquanto a ana maria mainieri parece tri à vontade no papel de amiga de programa. e a cena que mostra a tia e a sobrinha ensaiando gemidos pra engambelar a clientela é de dar barrigadas.

ainda não assistiu o filme? veja djá, que tá facinho de conferir.

quarta-feira, dezembro 12

a redenção do colesterol

fui almoçar com mamã lá pros lados da praça da matriz, em volta da qual, pra quem não é local, se assentam as sedes gaúchas dos três poderes. reduto, pois, de toda sorte de matreiros.

mandando ver num pratarrão de carnes mis estava um conhecido político, candidato recorrente a prefeito e, acho, governador, pelo partido verde.

deve ser cegueira minha, mas sempre imaginei que as gentes do pv eram adeptas do veganismo. ou me enganei, ou o homenzinho ora chafurda gostosamente na bendita proteína animal.

seja como for, num país em que o presidente-operário hoje se proclama centrista, não há mal algum em um greenglutão trocar o tofu por uma picanha sangrenta. ou há?

relaxaí, jodie foster!

44 anos vivendo trancado, folheando revistas bem longe dos olhos da eterna noiva, freqüentando chats de putaria entre iguais. ‘é hoje’, pensou, enquanto manobrava o carro pra fora da garagem. ‘é hoje que eu saio do armário’. e um sorrisinho bobo lhe rasgou a boca. e um súbito arrepio ordenou a todos os pêlos do corpo na meia-idade: ‘em pé, seus moleirões!’.

ele não sabia bem por quê, mas tinha decidido que naquele dia, o tão esperado dia da parada gay, finalmente assumiria o que não tinha sossego, nem nunca teria.

só não contava com o engarrafamento na principal via de acesso ao parque. precisava alcançar a alegre romaria rápido, porque a coragem poderia se esvair ou, quem sabe, a multidão colorida se dispersaria antes que ele conseguisse vaga pra estacionar. e então tudo estaria perdido.

depois de 24 minutos mergulhado na tranqueira, parou na última sinaleira antes da rua apinhada. segurou o rosto vermelho entre as mãos suadas, alisou a cabeleira gris e cometeu o erro fatal: olhou pra esquerda e identificou na calçada, prestes a atravessar a rua, a septuagenária professora primária. aquela vaca que, dezenas de anos atrás, tinha convocado pai e mãe pra denunciar a estranha amizade entre o primogênito semi-alfabetizado e o estranho efebo do colegial.

ali, no cruzamento, quase quatro décadas depois daquele dia, ele voltou a ser o garotinho pálido e quebradiço do colégio de padres. a velhota encarquilhada nem olhou pra ele. mas o coitado sentiu o mijo empapando as calças, o banco do carro, escorrendo pro tapete de borracha.

ato contínuo, pescou o telefone sobre o console quente e discou os oito números da besta. ‘hermínia, minha filha, vamos nos casar em um mês’. e assim foi. civil, religioso, pais, padrinhos, arroz e bolo. morreu seis meses depois, assassinado por um travesti bêbado incomodado com a concorrência.


moral da história: do jeito que anda o trânsito, na hora de bater ponto num compromisso importante é melhor deixar o carro em casa e ir a pé. ou: bem fez a jodie foster, que finalmente se desarmou.

segunda-feira, dezembro 10

me chama de krishna

embestei que queria meu cabelo azul.

comprei tonalizante e fiz a eva tascar a mistureba anil no meu côco, em casa mesmo.

25 minutos depois, tudo estava azul num raio de um metro à minha volta. box, cortina, tubos de xampu, sabonete, buchas e, principalmente, EU. com-ple-ta-men-te azul, da cabeça ao pés. até minhas unhas, docemente pintadas de renda um dia antes, ficaram ridiculamente azuis.

levei quase uma hora me esfregando vigorosamente com um esponjão áspero até voltar a ser branquela. só o que não ficou azul foi, adivinhem!, o meu cabelo. tonalizante, descobri tarde demais, não cobre direito as madeixas brancas que me atormentam a vaidade. inda mais se o tom for azul, que só vinga mesmo numa cabeleira previamente descolorida.

agora não sei se me matriculo na magno alves ou radicalizo num violento moicano.

malditas cãs.

ponto final

quem disse
que eu sei
onde fica o
fim da dor?

afundar é
pra poucos,
meu amor,
e quem volta
esquece o
caminho

se você quer
uma pista,
pergunte
pro enforcado,
aquele ali
na esquina

só ele sabe
onde é que
tudo termina.

quinta-feira, dezembro 6

belezumes

credores satisfeitos e conta azulzinha, com algum pra gastar em mimos.

cante com a vagem

pena de vida

(pedro luís)

eu assinei a pena de vida
sou a favor da pena de vida
se o sujeito cagou
pisou na bola
tem que resolver aqui nao pode sair fora

tem que encarar
e cara a cara
cortou o barato
paga caro
mas paga vivo
e vai correr, correr
correr,correr
e vai correr perigo

sabendo que comprou
uma carteira permanente de inimigo

horripilanças

luzinhas (piscantes ou não, multicoloridas, brancas, o que for). bonecros escalando sacadas. vermelhos, verdes e doirados à exaustão. guirlandas, sininhos e lacinhos. renas, peles, botas, veludos, rabanadas e nozes no natal tropical. hohohos. celulares tocando jingle bells. shopping centers. et cetera.

tô me metamorfoseando numa sujeita-olina ou esse frenesi de natal torra mesmo a paciência?