sábado, dezembro 30

mi cerdo querido

dizem os orientais que 2007 pertencerá ao meu robusto regente suíno. em 1971 eu cheguei. em 1983, fiquei mocinha, como se dizia então - e isso, a mulherada sabe bem, apesar de ser uma chatice mensal, é um marco na vida de quem porta ovários e demais petrechos femininos. em 1995 o glorioso tricolor trouxe o bi da libertadores. bom, parece que tá vindo cousa boa por aí. que seja pra todos nós, sob as bênçãos do róseo leitão. óinc!

bárbaros lá e cá

chato terminar o ano assim tão vazia de fé nas gentes. mas me desanima cada vez mais essa humanidade (o quê?) convicta de que justiça se faz com sangue. são, os carrascos, até mais equivocados e repulsivos que o condenado. que vingança, especialmente aquela traduzida em pena capital, definitivamente, não é e jamais foi ou será sinônimo de justiça.

quinta-feira, dezembro 28

o que vem aí

haverá na face de todos um profundo assombro
e na face de alguns, risos sutis cheios de reserva
muitos se reunirão em lugares desertos
e falarão em voz baixa em novos possíveis milagres
como se o milagre tivesse realmente se realizado
muitos sentirão alegria
porque deles é o primeiro milagre
muitos sentirão inveja
e darão o óbolo do fariseu com ares humildes
muitos não compreenderão
porque suas inteligências vão somente até os processos
e já existem nos processos tantas dificuldades...
alguns verão e julgarão com a alma
outros verão e julgarão com a alma que eles não têm
ouvirão apenas dizer...
será belo e será ridículo
haverá quem mude como os ventos
e haverá quem permaneça na pureza dos rochedos.
no meio de todos eu ouvirei calado e atento, comovido e risonho
escutando verdades e mentiras
mas não dizendo nada.
só a alegria de alguns compreenderem bastará
porque tudo aconteceu para que eles compreendessem
que as águas mais turvas contêm às vezes as pérolas mais belas.

(acontecimento, de vinicius de moraes, em jardim noturno, companhia das letras, 1993)


olhos atentos, então, ao movimento das águas. e que a gente possa estar sempre por perto, tanto na hora de abraçar forte e aparar as lágrimas como na de brindar a descoberta das pérolas bonitas.

um baita 2007 a todos!

terça-feira, dezembro 26

indecências natalinas

o começo, um dia antes, no vetusto gambrinus. camarões gigantes e pimenta da boa dando sentido ao arroz bem temperado. a seqüência, à noite, no sheraton. couvert correto seguido de uma honestíssima cavaquinha com purê de mandioquinha. pra arrematar, petit gateau de chocolate com sorvete de creme e caldas de morango e mirtilo. nada a dever a um poderoso orgasmo.

em casa, a surpresa da ceia. chester recheado decorado com cerejas e physalis fresquinhas, creme de milho aveludado, arroz com castanhas e salada de folhas da nini. na finaleira, um escandaloso sorvete de creme com calda de cassis. tudo meticulosamente afogado em fartos goles de freixenet cordón negro. sem falar na ambrosia da mamãe e na salada do tchigrão, passando a régua na orgia gastronômica.

inda bem que não precisou, mas minha carteira do sos unimed tava a postos pra qualquer emergência. agora, que venham os lombos, as lentilhas e as uvas, que já reativei a matrícula na natação móde aliviar a culpa e arranjar lugar pra tamanha gulodice festiva.

segunda-feira, dezembro 18

pérolas aos monos

as reações desmedidas diante do recente episódio futebolístico gaúcho confirmam que são feitas do mesmo aço a euforia e a selvageria. pués que parcela significativa da macacada, muito pouco acostumada às vitórias retumbantes, anda preferindo agredir os contrários a comemorar o grande feito. tenho visto e ouvido causos cabeludíssimos de ignorância e soberba. flauta é uma cousa, truculência, outra.

se viva estivesse, diria, consternada, minha vó milinha, sábia e elegante tricolor: quem demorou tanto a faturar uma taça toyota, quando finalmente chega lá, perde a linha.

o escrete rubro - que, curiosamente, só jogou de branco, signo universal da paz, na terra do sol nascente - comportou-se valente e impecavelmente, merecendo cada segundo do atual triunfo, ainda que a superioridade catalã saltasse aos olhos. desafortunadamente, inúmeros elementos da torcidinha aquela andam fazendo jus somente a copinhas de várzea, se muito. baita desperdício.

domingo, dezembro 17

hospitalidade

nada mudou

dizem por aí que o prefeito aquele vai mandar pintar os meios-fios da capital de vermelho e branco. naturalmente: a sarjeta sempre foi o lugar da macacada.

sábado, dezembro 16

preciso dizer

sexta-feira, dezembro 15

Definindo o escopo paradigmático da epistemologia quântica

No mundo atual, o novo modelo estrutural aqui preconizado apresenta tendências no sentido de aprovar a manutenção dos métodos utilizados na avaliação de resultados. Todavia, a contínua expansão de nossa atividade obstaculiza a apreciação da importância do retorno esperado a longo prazo. O empenho em analisar o desafiador cenário globalizado promove a alavancagem do levantamento das variáveis envolvidas. Por outro lado, o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação pode nos levar a considerar a reestruturação dos relacionamentos verticais entre as hierarquias.

Pensando mais a longo prazo, o comprometimento entre as equipes desafia a capacidade de equalização dos modos de operação convencionais. Podemos já vislumbrar o modo pelo qual a necessidade de renovação processual acarreta um processo de reformulação e modernização dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. As experiências acumuladas demonstram que a crescente influência da mídia auxilia a preparação e a composição das condições inegavelmente apropriadas.


(quer impressionar aquele galalau gostosérrimo, doutorando em sociologia que se comunica num dialeto extravagante? tenta isso, mas depois não reclama do aluguel).

coração de manteiga

que o lula é centrista, todo mundo já sabe. agora, graças à eva, percebo que o reeleito recém-diplomado também é emo. fofo!

(quer sacanear amigos, inimigos e desconhecidos? aqui é o lugar).

quinta-feira, dezembro 14

vai vendo

mouse, lápis e papel à mão pra arquivar e anotar tudo. arram.

mira, mama, los rojos sin la taza!

larga de modéstia, melhor do mundo! a gente já sabe que domingo vai rolar uma suculentíssima paella de saci.

será um beira-rio de lágrimas.

quarta-feira, dezembro 13

falta tv e internet na web television

sem muito alarde, está no ar desde segunda-feira a web television network, vulgo wtn, canal de tevê virtual que, apesar do anglicismo, é carioca da gema. caprichando na interatividade do formato on demand, a proposta é oferecer um cardápio variado, com programetes sobre cinema, música, artes cênicas, gastronomia, comportamento, saúde, esporte, lazer doméstico e tecnologia - assunto a cargo do carlos alberto teixeira, o cat, literalmente um amigão e, ainda, colunista do caderno de informática do o globo. a pauta da vez é o orkut, tudo sobre o orkut, aproveitando as propriedades intelectuais wikipédicas
do estimado apresentador-gigante.

buenas, em que pesem a minha leiguice televisiva e as boas intenções do projeto, o resultado está muito abaixo do que se pode esperar de um canal web. o primeiro tropeço é a escalação dos apresentadores - na média, médios. mas, tá, isso até que pode melhorar com o tempo. depois, vêm a própria programação, pouquíssimo criativa, e o formato dos programas, que não aproveita nem metade das possibilidades multimídia que o meio internet permite. os caras limitaram-se a transpôr a linguagem televisiva pra rede de computadores - tem programa que até a técnica rudimentar desconhece: o pobre do apresentador fica lá, falando, falando, falando, sempre em plano americano, câmera fixa, com um chroma-key mixuruca e sem qualquer edição, uma sonorinha ou cartela que seja. chato pacas...

e, sim!, tem bizarria. uma das opções de entretenimento é o manjadíssimo falha nossa. pois lá pela metade do que está no ar nesta semana, o bagaceira vinny, que apresenta a programação musical, comete isso:

- última vez, se não for (a cena) inteira desta vez, eu coloco o meu aparelho genital traseiro em risco.

donde conclui-se que o tenebrosamente equivocado rapazelho supõe apenas uma serventia para sua bundoca loura. e logo a menos, digamos, funcional. ou seria a mais hedônica?

enfim, em nome do cat, que é indiscutivelmente craque, mas ainda não se encontrou, vou acompanhar o andar da carruagem e ver se as cousas se acomodam. que audiência amiga é bem pra essas coisas.

queridos noéis

'que tal ir a uma agência dos correios, adotar uma das 17 milhões de cartinhas que chegam todo natal, endereçadas por crianças pobres, e ser papai ou mamãe noel? tem, entre muitos, pedidos de panetone, blusa de frio para a vó e material escolar. é só escolher a carta e entregar o presente em uma agência dos correios até dia 20 agora. a própria ebct se encarrega de fazer as vezes de papai noel, levando as encomendas na casa dos pequenos. divulgue esta idéia.'

bacana, né? a mensagem chegou via email e mostra que sai barato colocar sorrisões nos rostos dessa criançada. tem mais informações aqui ou pelos fones 3220 8917 e 3220 8910, pra quem mora em porto alegre.

terça-feira, dezembro 12

mêmores

o google me ajuda a lembrar que hoje faz 143 anos que edvard munch veio ao mundo. todo dia, o orkut não me deixa esquecer dos aniversários dos do peito (a não ser, é claro, que eu não lembre de passar por lá, o que é nada incomum, aliás) - hoje, junto com o meu norueguês favorito, é o dia da carina, bem querida amiga de priscas eras. o que seria da minha memória tipo queijo suíço, não fossem os guris de santa clara/ca? uma palma de salvas preles também, ora pois!

segunda-feira, dezembro 11

xô, olho balofo!

lá por outubro passado, caiu no meu colo uma fonte de frilas aparentemente muito bacana. veio do nada e a única desvantagem real era que a origem da cousa estava em fortaleza, a milhares de quilômetros daqui, o que tornava tudo mais difícil de administrar e cobrar. a grana por job não era muito alta, é verdade, mas o promissor volume de trabalho compensava o cachê magrelo, além de ser um negócio relativamente tranqüilo e prazeroso.

emocionada com a barbada, saí contando pra meio mundo como tudo tinha aparecido trifácil e tava sendo legal de fazer. claro que não deu duas semanas e o troço desandou. o cara começou a inventar desculpa pra não pagar, a atrasar os briefings, a prometer que depositava a grana na minha conta e nada, enfim, a fazer tanta merda que hoje me tapei de nojo e saí fora do esquema antes de arrumar um prejuízo maior. bem feito! quem mandou eu ser babaca e não ficar na moita, sem esparro?

dispensei a boquinha, mas tô muito mais atenta aos olhões. vade retro, inveja braba!

mimi, mas pode me chamar de senhora van cleeve

urro de contentamento com todos, mas tem um dos filmes do jerry lewis que, clássico da minha infância, repousa em acomodações de luxo neste velho coração bobo. rock-a-bye baby, de 1958, por aqui ganhou o nome de bancando a ama-seca e conta a história do clayton poole, um técnico de tevê - destrambelhado, claro - que recebe de um antigo amor platônico, a hollywoodian star carla naples (marilyn maxwell, atriz e cantora que chegou a ser comparada à platinada xará monroe, e teve meteóricos namoricos com - ora vejam! - rock hudson e jorginho guinle), a insuportável missão de cuidar de quíntuplos praticamente recém-nascidos. no início do filme, o clayton mora numa pensão cuja dona, a sra. van cleeve (interpretada pela britânica isobel elsom, que fez também suplício de uma saudade e my fair lady), passa dia e noite vidrada diante da caixa mágica, usando tudo o que os comerciais apregoam, de comida industrializada a inseticida flit e tinta de cabelo roxa. pois eu SOU a senhora van cleeve do século 21.

sonho de quaisquer engenheiro de produto e salesman, adoro uma novidadezinha facilmente consumível. mais ainda se for alguma frescura de banheiro. sei lá, acho que sofro de alguma síndrome raríssima que me obriga a jamais repetir os mesmos xampu, condicionador, sabonete e pasta de dente. enjôo fácil dessas cousas e, pra me sentir verdadeiramente limpinha e feliz, preciso sempre de um bom lançamento do setor das faxinas pessoais. adolescente, eu enlouquecia a minha mãe, uma consumidora razoavelmente conservadora, entupindo o carrinho de compras com as mais modernas novidades da indústria da higiene nacional. até hoje, é só abrir o armário do banheiro aqui em casa pra encher os olhos com estupendos sabonetes e dentifrícios gritando de novos, uma profusão de cores, cheiros e sabores. como diz o friorento vitor ramil, um paraíso prum sujeito ateu.

agora, descobri mais uma maravilha pra minha dentarama desde sempre orgulhosamente isenta de cáries: sorriso fresh vanilla mint. arram! pasta de dente com gostinho de baunilha (o mint é só pra não afastar os mais convencionais, imagino). que petáculo, minha nossa senhora dos molares branquinhos! parece que a pessoa tá escovando os dentes com toffees. schlép! schlép! schlép! no dia em que achei a gostosura, também comprei outras duas da mesma marca - menta com açaí e com guaraná. ainda não experimentei, mas não vai demorar pra isso acontecer. diz na caixa que é uma edição limitada e eu tô quase indo de joelhos até a fábrica, pedir pra eles não cometerem a maldade de tirar os tubinhos do mercado tão logo o verão nos dê as costas. penso, inclusive, na loucura de jurar fidelidade ao fabricante. mas acho que aí já é demais, né? a gente promete cada coisa quando se apaixona...

domingo, dezembro 10

grita, churrasco!

pois então o porco torturador e ladrão bateu os coturnos, ao contrário do que os do bem preferíamos. pena, mas ainda alimento a remota esperança de que seja só uma síncope cataléptica e o infeliz acorde bem na hora em que o fogo comer.

sexta-feira, dezembro 8

100m, freestyle

nas letras, como na água, meu fôlego não é pra mergulho de apnéia. sou nadadora. meu negócio é a superfície, ainda que me aventure, quase nunca, a coisa de três ou quatro palmos abaixo da linha d'água. no mais das vezes, bato perna, dou braçada, giro o pescoço pra inspirar e puxo-o de volta pra expirar. até treino mais de um estilo, mas acabo ficando sempre no que domino melhor.

nas letras, como na água, mergulhar me dá um baita pavor. de afundar no mar, sujeita aos humores da correnteza, ou na água doce e turva, sujeita aos mistérios submersos, morro de medo e digo que não, não vou. e, no entanto, do topo de uma pedra, de uma duna, ou lá de cima, voando bem alto, o mar é tão tentador e os rios e os córregos, as lagoas e as cachoeiras são tão bonitos de espiar...

nas letras, como na água, por segurança, cagaço ou conveniência, só pratico o fôlego curto. prefiro cair na piscina clara e limpa das idéias simples e rápidas, tiro sem ricochete. deixo as profundezas abissais, as grandes densidades, pra quem delas se nutre e, depois, as regurgita, pro bem ou pro mal. e quando canso de ser assim, tão óbvia, evasiva e superficial, eu solto o corpo inteiro e bóio. ah, eu bóio! mas nunca me deixo levar pra muito longe, porque jamais tenho certeza se vou ter braços e pernas pra volta. melhor não arriscar.

nas letras, como na água.

quinta-feira, dezembro 7

a piedade livrou a pele do languento

vai procurar lá no congresso uma vivalma disposta a proteger os esfarrapados que vão acabar morrendo na fila do sus, se chegarem lá. já o réu confesso virou coitadinho e ganhou defensores que invocaram a piedade da gatunagem engravatada. levou a melhor, claro. mais um. cadê o tal do voto aberto, hein?

quarta-feira, dezembro 6

o ataque das gônadas maltratadas

eis que meu irmão de cor, o pândego cardoso, compartilha via e-mail essa belezura bem-humorada de texto, dizendo que há pouco foi insistentemente chamado pra depor sobre o tema num desses programas domingueiros da tevê aberta.

pudera tanto interesse do grand monde: o drama (drama? rarara!) da cafajestagem sexual extrapola os limites da mera cromossomia XX ou XY. ou seja, mulheres e homens-problema não faltam neste mundão véio. aposto, até, que mesmo os dementes adeptos da robertaclosice macho-fêmea e fêmea-macho padecem (e fazem padecer) do mesmo mal. porque, no fim das contas, é tudo gente. e gente, como se sabe, é tudo doida.

pois que, mesmo esclarecidinha como sou, ando muito impressionada com o pote até aqui de mágoa que exibe esse blog aqui. cheguei a ele há poucos dias e tasquei a url lá no meu feed só pra medir a sanha vingativa da mulherada. agora, o reader não pára de piscar, anunciando mais de três novas postagens por hora, quase 30 por dia. é muita mulher despeitada! se bem que teve até um marmanjo denunciando sua megera dia desses. quanta chinelagem...

por isso, cards, se um dia te der uma vontade louca de atualizar o texto, não esquece de incluir na lista a temida categoria das INTERNAUTAS - e vale pro gênero pomo-de-adão também. ô, raça!

terça-feira, dezembro 5

porto alegre sem cortes

tá no ar desde a semana passada o site de ainda orangotangos, projeto bacana da clube silêncio a partir de seis contos do livro homônimo do paulo scott, que vai render o primeiro longa brasileiro - gaúcho! mazá! - em plano-seqüência. a equipe deve rodar o filme por estes dias agora, em locações tri-porto-alegrenses e o site funciona como uma prévia do que a gente vai poder ver e ouvir mais tarde na telona. tem vídeos com os ensaios, provinhas da trilha em mp3, fotos, releases e quetais, mais um blog que registra a maratona da produção. o gustavo spolidoro - guri bom, apesar de colorado - dirige, um elencaço
atua, arthur & seu conjunto vão tocar ao vivo, durante a captação, e ainda tem um monte de gente boa e amiga na ficha técnica.

viva, pinochet!

querendo sair de fininho, né, seu filho-do-cão? nanananana! pode ir tirando o pé da cova, que o senhor vai ficar é aqui, vivinho da silva, e se possível vegetando bem bonito e lúcido, pra pagar com todo o sofrimento imaginável a ignomínia cometida nos andes.

o púcaro búlgaro

montagem do aderbal freire-filho pro texto do campos de carvalho (graaande fernanda farah!) rendeu os troféus de melhor diretor e melhor ator (este pro elogiado gillray coutinho, candidatíssimo, também, ao prêmio shell) no 1º prêmio eletrobrás de teatro, que teve cerimônia de entrega ontem à noite, lá no desbundante copacabana palace.

é o que dá juntar dois malditos exemplares. quem sabe o alabarse se anima e traz esse povo da foto pro próximo porto alegre em cena, hein?

passeio horripilante

hoje o tablóide local se puxou na insensatez. retranca da matéria que relata o acidente com o gabriel pillar (que eu só conhecia de vista, de amigos em comum, um baita talento que foi embora estúpida, inexplicavelmente e cedo demais) diz o seguinte:

rio - quatro ocupantes de um corolla, entre eles um jovem que foi sepultado no rio grande do sul, morreram sábado quando voltavam de uma festa rave em juiz de fora (mg). (...)

vai ver que os outros tomaram um bruta susto quando perceberam o estado do quarto passageiro e deu-se a merda que resultou no estranhíssimo fenômeno da dupla morte. gurizada bizarra essa, né, senhor editor?

segunda-feira, dezembro 4

quem não tem sonex isola com pena de ganso ou minha história de natal

sábado agora, a caminho do almoço no barranco, enxerguei uma figura que não via há anos: o bernardinho (o nome real foi trocado por razões cristalinas). ele, o mito, a personagem principal da minha história de natal favorita.

foi em 1999. eu tinha acabado de me mudar pro lugar mais legal onde já morei - aquela casinha-com-cara-de-garopaba, sobre a qual já falei aqui, erguida na rua mais zen do ipanema, sem saída pra avenida guaíba, detalhe que me mantinha saudavelmente distante da crowd que inferniza o bairro da zona sul nos finais de semana.

pois bem, aquele ano tinha sido bem agitado: passamos a régua no bilbao; eu tomei coragem pra abandonar o conforto da casa da mamãe; levei um tempo produzindo teatro e terminei caindo com as quatro patinhas dentro da radioativa, lugar onde sempre quis trabalhar, pela companhia diária de amigos queridos e pela produção de áudio, minha baita paixão profissional.

por tudo o que acontecera, então, decidi que aquele seria o primeiro natal que passaria na minha própria casa, sem maiores compromissos familiares. a caca, que morava comigo na época, ia esperar o papai noel com a turma dela, no interior, e eu testaria minhas aptidões à beira do fogão com o tradicional cardápio natalino do clã aragón: peruzão assado, creme de milho, banana à milanesa e salada de repolho, presunto e passas.

chamei cobaias, claro. pra ceia viriam o picles e a irmã dele, a carla. pra beberrança pós-meia-noite, uma tropa de dementes que freqüentava o finadinho bilbao. gente profi na arte de se divertir, alucinar e embriagar. entre eles, o nosso bernardinho, sujeito muito bacana e beeem baixinho, que andava se enroscando eventualmente com a mais porra-louca das amigas do boteco - cuja boca grande nos revelara, desde o início do affair, as dimensões muy modestas dos, digamos, apetrechos reprodutivos do pobre.

com a comilança aprovada e a digestão feita, iniciamos a etapa etílica da festa. e que bebedeira! farrancho fortíssimo, a noite de natal rendeu até o céu clarear completamente. na hora de ir embora, o bernardinho, já trôpego, mas lúcido o suficiente pra sentir que não dava pra dirigir de volta pra casa, pergunta se ele e a ficante poderiam dormir por ali mesmo. claro que sim!, respondo eu, já sobraçando colchão, lençóis e travesseiros pra jogar no meio da sala preles.

sem qualquer sono, vou pra minha cama e fico fritando, reloadeando os momentos mais insanos da noite. é quando o óbvio dá as caras e começo a ouvir aqueles arrulhos típicos das maratonas de alcova. aiaiai, uiuiui, rerere, ohohoh... aiaiai, uiuiui, rerere, ohohoh! aiaiai, uiuiui, rerere, ohohoh!!! buenas, pra não morrer de sede em frente ao mar - mas, fundamentalmente, pra não constranger os pombinhos com as minhas risadas - meto a cabeça debaixo do travesseiro e tento dormir.

impossível. a curiosidade, o álcool e todas substâncias hiperbolicamente ingeridas durante a noite mantêm meus olhos feito patacões e meus ouvidos atentos a tudo. e vá aiaiai, uiuiui, rerere, ohohoh... aiaiai, uiuiui, rerere, ohohoh! aiaiai, uiuiui, rerere, ohohoh!!! até que, com calor, livro uma orelha do bloqueio de penas e o ouvido espertinho, por dever de ofício bem acostumado a identificar toda sorte de timbres e frases e tons, capta a maravilha:

- aaaaaaiii, bernardinhoooo! é pequeninho, mas machuca!

naquela manhã, descobri o incrível poder de isolamento acústico das penas de ganso.

sexta-feira, dezembro 1

i heard it through the grapevine

demorou, mas caiu na rede. pro meu gosto gaiato, é o melhor momento do telejornalismo gaúcho nos últimos 493 milênios e meio...

cosa nostra, tutti buona gente!

e os nossos magistrados, hein? não bastasse o excelso legislativo, quem tem um judiciário assim, não precisa de gângsteres...

isso me lembra de fazer uma corruptelazinha daquela música do pedro luís e a parede: 'de porto alegre ao acre, a safadeza só muda o sotaque'.